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Ana Luiza Santos e Edgar Jacobs

As razões da Unesco para recomendar a proibição do uso de celulares dentro de sala de aula
























Uma meta-análise de pesquisas sobre o uso de telefones celulares por estudantes e seu impacto nos resultados da educação, considerando estudantes do pré-primário à educação superior em 14 países, detectou um efeito negativo pequeno, e um maior efeito em nível universitário.


Estudos usando dados do PISA indicam uma associação negativa entre o uso de tablets e telefones e o desempenho dos estudantes acima do limiar de uso moderado.


Para os professores questionados, o uso destes TIC prejudica a gestão da sala de aula. No caso, um em cada três professores em sete países participantes do ICILS 2018 concordaram que o uso das TIC em salas de aula distrai os estudantes.


“As notificações recebidas ou a mera proximidade do celular podem ser uma distração, fazendo com que os alunos percam a atenção da tarefa. O uso de smartphones nas salas de aula leva os alunos a se envolverem em atividades não relacionadas à escola, o que afeta a memória e a compreensão”, afirma o relatório.


No Brasil, ainda não há regulamentação que proíba o uso de celulares ou tablets dentro de salas de aula; são as escolas individualmente que ditam as regras sobre o uso dos aparelhos e agora, com a publicação da Unesco, estão mais amparadas pelos estudos caso decidam pela proibição total dos gadgets em suas instalações.


Lembrando que, na hipótese da aprendizagem online, espera-se a existência da habilidade do estudante de se autorregular e é muito fácil, na presença de celulares e tablets, os mais novos e os com menor desempenho ficarem em risco de abandono escolar.


Direitos do aluno


Com tantas inovações tecnológicas em nosso tempo, não é de esperar que a educação permaneça inalterada, mas muitos especialistas pedem que ela seja protegida das influências negativas da tecnologia digital.

E é este o desafio, pois a tecnologia é um insumo, um meio de distribuição, uma habilidade e uma ferramenta de planejamento, além de, de acordo com a Unesco, proporcionar um contexto social e cultural, o que levanta questões e problemas específicos.


A premissa básica do relatório é que a tecnologia deve servir as pessoas e colocar os estudantes e professores no centro; deve também lembrar à sociedade que grande parte da tecnologia não foi elaborada para a educação.


Desta forma, para sua utilização, sua adequação e seu valor precisam ser comprovados em relação a uma visão da educação centrada no ser humano. Isto antes de sua inserção na parte prática da educação.


É preciso também lembrar do conflito entre inclusão e exclusividade: a tecnologia pode, potencialmente, oferecer uma salvação educacional para muitos estudantes. No entanto, para muitos outros, traz uma barreira e surgem novas formas de exclusão digital.


Enfim, a tecnologia na educação é uma ferramenta a serviço de quem?

A Unesco nos lembra que os desenvolvedores de tecnologia geralmente estão um passo à frente dos tomadores de decisão e a pesquisa sobre tecnologia educacional é complexa. Evidências robustas e imparciais são escassas.


Será, então, que “as sociedades estão fazendo as perguntas certas sobre a educação antes de recorrer à tecnologia como uma solução?”


A conclusão é a de que as tecnologias de informação e comunicação têm o potencial de apoiar a igualdade e a inclusão para alcançar estudantes desfavorecidos e difundir mais conhecimento em formatos atraentes e acessíveis.


Em alguns casos, ela pode melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem de habilidades básicas, aonde as habilidades digitais estão, inclusive, inseridas. A tecnologia digital pode, da mesma forma, aumentar a eficiência da gestão escolar, ajudando a lidar com volumes maiores de dados educacionais.


Porém, a tecnologia também pode excluir e ser irrelevante e onerosa, ou até – o que é dispensável – ser totalmente prejudicial. Os governos e os gestores precisam garantir as condições certas para não só permitir o acesso igualitário à educação para todos, regulamentar o uso da tecnologia de modo a proteger os estudantes de suas influências negativas, como para preparar os professores.


Ou seja, recomenda-se que a tecnologia seja introduzida na educação com base em evidências que demonstrem que ela seja apropriada, igualitária, escalonável e sustentável. Seu uso deve atender aos melhores interesses dos estudantes e complementar uma educação baseada na interação humana.


No caso dos telefones celulares dentro de sala de aula, por ora, a Unesco recomenda uma proibição global.


“Temos de ensinar as crianças a viver com e sem tecnologia; a tirar o que precisam da abundância de informação, mas a ignorar o que não é necessário; a deixar a tecnologia apoiar, mas nunca suplantar as interações humanas no ensino e na aprendizagem.” (Manos Antoninis, Diretor da equipe que elaborou o relatório)

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