O Instituto Palavra Aberta, através do site Educamidia, define educação midiática como o conjunto de habilidades para acessar, analisar, criar e participar de maneira crítica do ambiente informacional e midiático em todos os seus formatos, dos impressos aos digitais.
Ela engloba o letramento digital, entendida como a capacidade de encontrar e consumir conteúdo digital; de comunicar ou compartilhar e de produzir conteúdo digital e vai além, ensinando ao jovem, por exemplo, técnicas tradicionais de checagem de informações (fact-checking), utilizadas também na mídia impressa.
E os professores, claro, precisam estar preparados para ajudar os alunos a desenvolver senso crítico e responsabilidade. Afinal, a comunicação na Era da Informação assumiu novos contornos e contextos e o fato mais marcante é que não existe mais uma nítida separação de papéis entre leitor, produtor de conteúdo, crítico ou curador.
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Produção de conteúdo
Vivemos em uma época em que todos produzem e consomem conteúdo; o volume é tão intenso que não há como, de alguma maneira, ser desafiado em nosso sendo crítico pelo excesso de informações. A conclusão é do Instituto Palavra Aberta, que alerta sobre a importância de diferenciar fatos de opiniões e de produzir e compartilhar mensagens com responsabilidade.
E, da mesma forma que ocorre com o letramento digital, lidar com essa realidade altera nossa ideia de alfabetização. Não basta ler e aceitar o que chega às nossas vistas.
"É preciso interpretar intenção, autoria e contexto. É preciso dominar as ferramentas e as linguagens que nos permitem ter voz nesse ambiente ". (Educamidia)
Educação midiática não é uma disciplina escolar
De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil, 2019, 89% das crianças e adolescentes com idades entre 9 a 17 anos são usuários de internet no Brasil. A ideia não é reverter essa situação mas, sim, mediar a interação, compreendendo como a relação entre estudante e internet acontece.
E, no caso, a educação midiática (ou alfabetização midiática) não deve ser tratada como uma disciplina escolar. Todos os professores devem ser capacitados para que o assunto permeie e esteja presente em todas as disciplinas. O ideal é que os educadores estimulem os estudantes a uma leitura crítica e reflexiva de todo o material de ensino – incluindo o da mídia impressa - exatamente como previsto pelas competências da BNCC.
O caminho é, portanto, o da habilidade de ler criticamente e participar de forma ativa do mundo conectado em que vivemos, necessidade que não é nova, mas que ganha mais urgência à medida que o fluxo de informação só tende a crescer.
Educar para a informação também faz com que o aluno entenda o conhecimento de uma maneira diferente e saiba aprender a aprender, essencial em um mundo conectado.
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No início da pandemia, o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que o mundo não lidava apenas com uma epidemia, mas também com uma “infodemia”. Ele se referia a um grande volume de informações associadas ao assunto específico da Covid-19 - verdadeiras ou não - que se multiplicavam exponencialmente em pouco tempo. Numa situação como essa, de pandemia, surgiram rumores e muita desinformação, além da manipulação de informações com intenção duvidosa.
A “infodemia” é mesmo um fenômeno amplificado pelas redes sociais e que se alastra rapidamente como um vírus.
Neste ponto, como a sociedade pode reagir, senão em parceria com a escola? É ela, como multiplicadora do conhecimento, que vai ser o melhor agente social para o estudante/cidadão fugir da desinformação e isto em todos os níveis, desde o fundamental até o ensino superior.
Quando a escola ensina o aluno a desenvolver suas percepções de mundo, ensina também seus direitos e deveres com a sociedade. Forma cidadãos capazes de transformar a sociedade, o que inclui torná-la mais justa. Sem entender, acolher e ensinar o conceito de educação midiática nada disso é possível.
Base Nacional Comum Curricular
A educação midiática está prevista no BNCC (Base Nacional Comum Curricular). No texto, a sugestão é que o tema já seja tratado nos anos finais do Ensino Fundamental, levando gêneros que circulam na esfera pública, nos campos jornalístico-midiático e de atuação na vida pública para análise dos estudantes.
“Trata-se de promover uma formação que faça frente a fenômenos como o da pós-verdade, o efeito bolha e proliferação de discursos de ódio, que possa promover uma sensibilidade para com os fatos que afetam drasticamente a vida de pessoas e prever um trato ético com o debate de ideias”. BNCC (Base Nacional Comum Curricular)
Também há o incentivo da discussão e exercícios envolvendo as dinâmicas das redes sociais e os interesses que movem a esfera jornalística-midiática.
Os estudantes precisam entender a questão da confiabilidade da informação, como se proliferam as fakes news, a manipulação de fatos e opiniões e, como já previsto no documento, muitas das habilidades que precisam ser adquiridas se relacionam com a comparação e análise de notícias em diferentes fontes e mídias, com análise de sites e serviços checadores de notícias e com o exercício da curadoria.
Um ponto importante desse processo de conscientização oriundo da educação midiática é que os alunos podem ser transformados em agentes multiplicadores do aprendizado, passando à frente o conhecimento e o entendimento do que são os trabalhos da mídia, fortalecendo a democracia e, como já dissemos, contribuindo para uma sociedade mais justa.
Comunicação como Direito
Já é consenso que a comunicação é um direito humano fundamental; para que esse direito seja realizado em sua plenitude, entendemos que o cidadão deva ter as habilidades e habilidades citadas pelo Educamidia:
Ler criticamente: afinal, saber ler o que está escrito no papel não basta. É preciso dominar técnicas de busca e curadoria da informação, avaliar a intenção e a qualidade da informação encontrada, compreender o papel da mídia e o direito à comunicação e – inclusive - refletir sobre o que não foi dito.
Escrever com responsabilidade: todos somos produtores de conteúdo e devemos fazê-lo de forma responsável. A construção de um bom repertório é muito importante e os estudantes devem entender o processo de autoria e ter condições de se expressar nos mais diversos formatos.
Participar ativamente: os alunos precisam entender que as práticas de curtir, comentar e compartilhar publicações alheias também repercutem e podem servir ou não ao discurso de ódio, bem como construir narrativas dedicadas a alguma causa ou serviço.
Projeto para Política Nacional de Educação Digital
Na última quinta-feira, dia 04 de agosto, a Câmara dos Deputados aprovou projeto que institui a Política Nacional de Educação Digital, um conjunto de estratégias para o desenvolvimento de competências digitais na educação.
A norma prevê 4 eixos: inclusão digital, educação digital escolar, capacitação de profissionais e desenvolvimento de pesquisa científica em tecnologias da informação e comunicação.
O texto inscreve o termo “educação digital” na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, definindo-o como “o desenvolvimento de competências voltadas ao letramento digital de jovens e adultos, avançando progressivamente em direção à proficiência digital”.
A proposta, que seguiu para o Senado, prevê a inclusão de programação, computação e robótica no currículo da educação básica a partir do ensino fundamental, além da promoção de competências digitais e de práticas de educação midiática.
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