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Método de ensino baseado em metaverso é mais eficiente que em plataformas de educação

Os pesquisadores Felipe Becker Nunes, Aliane Loureiro Krassmann, Liane Margarida Rockenbach Tarouco e José Valdeni de Lima, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realizaram um experimento de rendimento acadêmico durante a metade do ano letivo de 2017, envolvendo 74 alunos do sexto ano de uma aula de Ciências, divididos em grupos controle e experimental. Os resultados demonstraram melhor desempenho do grupo que utilizou o mundo virtual em comparação ao grupo que utilizou a plataforma de aprendizagem Moodle. O estudo foi publicado sob o título A Teaching Method Based on Virtual Worlds and Mastery Learning.


Pois bem, de acordo com a pesquisa anunciada, entre as Tecnologias de Informação e Comunicação têm sido crescente a evolução tecnológica dos ambientes tridimensionais, também conhecidos como mundos virtuais ou metaversos. Suas características únicas de imersão e alta interatividade aumentam sobremaneira a atenção dos usuários, podendo ser utilizados para a aplicação de diferentes teorias de aprendizagem, diferentes áreas e disciplinas educacionais.


O estudo propôs a integração dos mundos virtuais com uma teoria educacional para o ensino de Ciências que assume que mais de 90% dos alunos podem atingir os objetivos de aprendizagem no mesmo nível de domínio se lhes forem fornecidas condições de aprendizagem adequadas. Tais condições envolvem a utilização de recursos de TIC. No caso, portanto, o estudo adotou os mundos virtuais como TIC para complementar as atividades realizadas em sala de aula.


O objetivo era enfrentar o desafio de conceber, passo a passo, um método de ensino da educação formal voltado para auxiliar o processo de aprendizagem de Ciências, integrando essa teoria específica com o uso de mundos virtuais.


A propósito, como salienta o texto, a aprendizagem de Ciências é um assunto muito abstrato e é conhecido por ser difícil, sendo obstáculo ainda maior para as crianças. Requer o uso de laboratórios para a realização de experimentos práticos, o que nem sempre é possível em razão de custos, especialmente em escolas públicas.


Metaversos na Educação


Hoje já se sabe que em um ambiente virtual 3D os alunos se sentem mais livres e a aprendizagem se torna mais ativa e participativa ao invés de centralizada em ouvir e absorver informações.


A liberdade de escolher o tipo de material didático a ser explorado torna o aluno um indivíduo mais diligente e com um sentimento de autoria durante o processo de aprendizagem. Mais a mais, a diversidade de recursos como chats de texto ou voz, a possibilidade de navegar livremente pelos cenários e interagir de forma autônoma com elementos do mundo virtual podem oferecer um ambiente favorável para uma mudança de atitude em relação ao ensino.


É claro que existem limitações que bem conhecemos, como falta de boas máquinas para o trabalho, conexão ruim com a Internet ou recursos de hardware limitados. A falta de suporte para acesso a partir de dispositivos móveis também é um obstáculo.


Mas nada disso retira a grandeza da possibilidade, por exemplo, de construir laboratórios em mundos virtuais. No caso do estudo que se repercute, isso induziu a escolha da área de Ciências como disciplina escolar para esse fim. Os laboratórios de ciências sempre foram, afinal, referências estimulantes para os estudantes.


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Procedimento


A experiência durou cerca de quatro meses; no início do semestre foi explicado que todos os alunos teriam acesso gratuito a materiais e atividades complementares ao longo do curso, as quais eram ministradas em duas plataformas distintas: o mundo virtual e o ambiente de aprendizagem Moodle. Os alunos tinham liberdade para escolher uma das plataformas: então dois grupos foram formados aleatoriamente: um no mundo virtual e outro no Moodle.


Havia uma aula semanal de 45 minutos, com atividades complementares também semanais que eram realizadas na modalidade a distância utilizando o mundo virtual ou na plataforma de aprendizagem Moodle. Os alunos das duas turmas realizaram cinco testes ao longo do processo, elaborados e aplicados pelo professor em formato impresso em sala de aula.


Para o grupo mundo virtual, foram realizadas duas aulas iniciais presenciais com os alunos no laboratório de informática da escola, com a presença dos pesquisadores para observação, para facilitar o processo de familiarização com a tecnologia.


Um laboratório virtual foi criado no metaverso, com uma estrutura dividida em cinco diferentes tipos de salas de acordo com o material didático disponível: vídeos, textos, slides, questionários e simulações. Um toque animador para os alunos: na entrada do laboratório virtual, um espaço com diferentes opções de roupas para os usuários personalizarem seus avatares.


Painéis dentro de cada sala desse metaverso continham os módulos vídeo, com acesso a Youtube, textos e slides (os painéis exibiam texturas de imagem para apresentação do conteúdo, com botões de controle) e, na sala de questionários, cada painel continha um questionário com perguntas em formato de imagem, com botões de resposta na parte inferior e um quadro indicando a qual módulo o questionário correspondia. Ao clicar na alternativa escolhida, a respectiva opção ficava azul, e o feedback era fornecido no canal de bate-papo do aluno informando se a resposta estava certa ou errada. Era possível repetir o questionário quantas vezes o usuário achasse necessário.


Na sala de simulação, várias representações animadas em 3D e experimentos relacionados aos temas abordados nos três módulos estavam disponíveis. No total, foram construídas 15 simulações no mundo virtual.


Ao final do experimento, os alunos que utilizaram o mundo virtual também responderam a um questionário impresso e, ao final, foram realizadas entrevistas com vários alunos escolhidos aleatoriamente de ambos os grupos; isso para colher informações mais detalhadas sobre o uso do mundo virtual e das plataformas Moodle e sobre sua experiência.


Conclusões


A conclusão dos pesquisadores, em tradução livre, é que a forma de interação proporcionada por um mundo virtual remete a uma aprendizagem mais ativa, na qual os usuários se tornam precursores de seu próprio processo de aprendizagem, pois ficam livres para navegar e acessar diferentes tipos de materiais didáticos na personificação 3D.


No método utilizado, o uso de mundos virtuais/metaverso mostrou-se eficaz como ferramenta de apoio às atividades suplementares e corretivas, mas também não desconsidera o uso da plataforma Moodle, entendendo que os dois ambientes apresentam características positivas distintas para os estudantes.


Inclusive, apontam que é perfeitamente possível utilizar o Moodle (se necessário) em harmonia com os mundos virtuais, já que esses não são projetados para gerenciar conteúdo, embora permitam que se inclua mídia, armazene e gerencie documentos.


Enfim, a aplicação do experimento gerou resultados muito positivos e satisfatórios; e o grande potencial dos mundos virtuais a serem explorados como recurso adicional no processo de ensino e aprendizagem ainda encontra um fator essencial que sustenta os resultados obtidos, que é a ótima aceitação do aluno.





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