Todos os anos o Instituto Semesp publica o Mapa do Ensino Superior no Brasil, apresentando um panorama completo e detalhado deste setor educacional. A pesquisa abrange a modalidade presencial e a distância, tanto da rede pública quanto da rede privada, de todos os estados brasileiros e suas regiões. O Instituto, a propósito, é um centro de estudos criado pelo Semesp e é integrado por especialistas que se propõe a análises de dados sobre o ensino superior como um todo.
Vale mencionar que a elaboração da pesquisa conta como guia os Censos da Educação Superior/Inep, de 2009 a 2022, e bases do IBGE, Novo Caged, RAIS, PNAD/IBGE, de 2017 a 2023, dados do Enem, Enade e do SisProUni, Pesquisa de Mensalidades Instituto Semesp 2024 e Big Data Analytics. Ainda, foram incluídos na pesquisa informações obtidas em pesquisa própria, como a “Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil”, realizada em março de 2024.
Este conjunto de dados englobou, entre outros:
Número de matrículas;
Ingressantes e concluintes;
Taxas de evasão;
Indicadores de trajetórias;
Taxa de escolarização;
Cursos mais procurados;
Bolsas e financiamentos;
Valores de mensalidades;
Empregabilidade e renda; e
Perfil de alunos e docentes.
São indicadores que, nas palavras do próprio Instituto Semesp, possibilita compreender o setor, orientar o desenvolvimento sustentável das IES e aprimorar a educação acadêmica em todo o país.
E um dos dados mais comemorados ao fim da pesquisa foi a percepção de que, após dois anos de fortes impactos em razão da pandemia da Covid, há uma tendência de retomada do setor.
Destaques da pesquisa
Quando a pesquisa foi finalizada, o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, fez uma apresentação dos achados da análise.
Pois bem, desde 2015, com alguns problemas relacionados ao FIES e as dificuldades econômicas da população, houve uma redução nas matrículas dos cursos presenciais.Por outro lado, houve um aumento das matrículas nos cursos EAD.
O Censo da Educação Superior de 2020, por exemplo, divulgado apenas em 2022 por conta da pandemia, mostrou que o número de matrículas na modalidade a distância continuava crescendo e havia atingido mais de 3 milhões na ocasião, o que já representava uma participação de 35,8% do total de matrículas de graduação.
Naquele ano, os dados davam conta de que, entre 2019 e 2020, o número de matrículas em cursos de graduação presencial havia diminuído -9,4% e, na modalidade a distância, havia um aumento de 26,8%.
Dos mais de 3,7 milhões de novos alunos no período, 53,4% optaram pela modalidade à distância, enquanto 46,6% escolheram cursos presenciais.
Entre 2010 e 2020, portanto, as matrículas de cursos de graduação a distância aumentaram 233,9%, enquanto na modalidade presencial, no mesmo período, o crescimento foi apenas de 2,3%.
Agora percebe-se um aumento das matrículas presenciais, inclusive com um crescimento de 12,9% no número de ingressantes na modalidade, após sete anos de queda. Na rede privada, esse aumento de ingressantes foi ainda maior, de 17,8%. Segundo a pesquisa, três grandes áreas alavancaram o aumento: os cursos de Direito e da área de Saúde, praticamente ofertados de forma exclusiva presencial; e os cursos da área de TI.
“O que tem acontecido com os cursos de TI lembra o passado dos cursos de Administração, que ganhou uma grande quantidade de novos alunos orientados pelas demandas do mercado de trabalho. Onde mais há emprego atualmente? No setor de TI. Isso tem sido um fator determinante para o crescimento nas matrículas desses cursos”... (Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, ao apresentar os resultados da pesquisa)
Cursos de Licenciatura na berlinda?
O Instituto Semesp menciona também que, em um momento em que os cursos de Licenciaturas estão na berlinda, em especial por conta do grande número de alunos matriculados em cursos EAD, a 14ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil lhes dedica um capítulo especial.
Mas porque os cursos de licenciatura estão na berlinda? É que o atual ministro da Educação, Camilo Santana, já afirmou que o governo federal cogita proibir que cursos de licenciatura tenham 100% da carga horária na modalidade de ensino a distância (EaD) e planeja outras mudanças nos cursos de formação de professores online. Para o ministro, é hora de avaliação dos cursos de licenciatura não presenciais que tiveram as autorizações para novos cursos 100% EaD suspensas por 90 dias. A ideia do MEC é não permitir mais cursos totalmente EaD, mas tão somente 50% ou 30% da carga horária a distância.
Neste ponto convidamos à leitura do texto A questão do EAD na proposta de resolução sobre a formação docente para acessar um ponto de vista diferente daquele revelado pelo Ministério da Educação.
Voltando ao Mapa do Ensino Superior no Brasil, edição 2024, temos hoje 17,7% do total das matrículas em cursos de Licenciaturas, ou seja, 1,67 milhão de alunos. Deste total, 64,2% são de matrículas no ensino a distância. Porém, mesmo com a diversidade de cursos de licenciaturas ofertados, praticamente metade dos estudantes está matriculada nos cursos de Pedagogia (49,2%), ou seja, 822 mil alunos; o que pode agravar, em um futuro breve, áreas específicas como Química, Física, Biologia, Matemática, justamente por falta de profissionais formados.
Outra informação é que em regiões com uma maior presença de instituições de ensino superior da rede pública, como as regiões norte e nordeste, há uma maior procura pelas vagas presenciais em cursos de licenciaturas, com um maior percentual de participação destes cursos no total das matrículas.
Por outro lado, há um aumento do índice de alunos matriculados em cursos de licenciaturas no ensino a distância nas regiões sul, sudeste e centro-Oeste, regiões onde a participação proporcional nestes cursos no total de matrículas é menor.
Educação básica e desistência da carreira
Um capítulo especial da pesquisa apresenta dados inéditos, segundo o Semesp, a respeito do Perfil e dos Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil.
As informações foram coletadas recentemente, no período de 18 a 31 de março de 2024, com a participação de 444 docentes dos ensinos infantil ao médio, das redes privada e pública - municipal, estadual e federal -, de todas as regiões do país e nos mostra que 79,4% dos professores já pensaram em desistir da carreira. Em relação ao futuro profissional, 67,6% dos profissionais se sentem inseguros, desanimados e frustrados.
Infelizmente, a história da educação no Brasil esclarece muita coisa a este respeito. Os docentes da educação básica, sejam de escolas públicas ou particulares, precisam ser reconhecidos, o que nunca ocorreu, pelo menos como merecem ser.
E não só os salários são postos em discussão, ainda que sejam um ponto extremamente sensível do debate; os profissionais da educação básica no Brasil sustentam serem tratados com falta de respeito dentro e fora do ambiente de ensino, falta de reconhecimento e, em caso extremos, sofrem agressões verbais e físicas na atuação como professores.
Enfim, além das informações trazidas neste texto, o relatório produzido esmiúça os dados nacionais, bem como os dados de todos os estados e regiões do país. O capítulo especial coroa a pesquisa, trazendo à tona a importância de se valorizar a docência como força motriz da educação.
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