Medicina é o curso que mais emprega no Brasil
- Ana Luiza Santos e Edgar Jacobs
- 6 de mar.
- 3 min de leitura
A medicina sempre foi uma carreira concorrida e o sonho de muitos jovens. O ofício possui uma grande variedade de especialidades e seu profissional, de inegável valor social, ainda goza de prestígio, status e destaque. Sua importância e necessidade é demonstrada nos números: de acordo com recente pesquisa, o curso de maior empregabilidade no país é justamente o de medicina, com 92% dos profissionais entrevistados empregados. Em seguida, aparecem farmácia, com 80,4%, e odontologia, com 78,8%. O setor de Saúde, portanto, despontou no levantamento.
O estudo sobre empregabilidade, realizado pela Semesp em colaboração com a Workalove, plataforma dedicada a conectar empregadores e profissionais, está em sua quarta edição e revelou quais cursos têm o maior número de graduados sem emprego no Brasil.
Ele foi realizado entre 09 de agosto e 01º de setembro de 2024 e monitorou indicadores de emprego, renda e planejamento de carreira dos graduados do ensino superior brasileiro.
Os resultados
Os resultados trouxeram quais são os dez cursos com o maior percentual de desempregados hoje no Brasil.
Infelizmente, história é o campeão com 31,6%, seguido de relações internacionais (29,4%), serviço social (28,6%), radiologia (27,8%), enfermagem (24,5%), química (22,2%), nutrição (22%), logística (18,9%), agronomia (18,2%) e estética e cosmética (17,5%).
Outros cursos com um número significativo de graduados sem trabalho são: gestão de pessoas/RH (16,7%), análise e desenvolvimento de sistemas (15,6%), pedagogia (15,1%), direito (15%) e psicologia (14,6%).
Por outro lado, os cursos que apresentam o maior número de profissionais empregados incluem medicina (92%), farmácia (80,4%), odontologia (78,8%), gestão da tecnologia da informação (78,4%), ciência da computação (76,7%), medicina veterinária (76,6%), design (75%), relações públicas (75%), arquitetura e urbanismo (74,6%) e publicidade e propaganda (73,5%).
Em seguida, aparecem letras (73,2%), fisioterapia (71,5%), sistemas de informação (71,3%), contabilidade (68,2%), economia (68%), engenharia civil (67,8%), psicologia (67,3%), gestão da qualidade (66,7%), redes de computadores (65,2%) e agronomia (63,6%).
Ao revisar os dados, Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, argumenta que o alto índice de empregabilidade na medicina está ligado ao número de oportunidades disponíveis nas áreas de saúde e tecnologia, onde a oferta excede a demanda.
Realmente, existe uma abundância de vagas de trabalho para um número limitado de profissionais qualificados devido à quantidade reduzida de vagas no ensino superior e ao consequente baixo número de médicos formados.
Conforme as informações coletadas, mais da metade dos graduados (55,9%) completaram seu curso de graduação há menos de três anos e se identificam como brancos (54,6%), seguidos por pardos (31,6%) e pretos (10%). Além disso, 68,2% dos participantes da pesquisa têm a graduação como seu nível mais elevado de escolaridade alcançada, enquanto 4,8% têm mestrado, doutorado ou pós-doutorado.
No que diz respeito à faixa etária, 68,3% dos indivíduos participantes possuem até 34 anos. Dentre eles, 35,7% estão na faixa de 25 a 29 anos, enquanto 21,6% têm entre 30 e 34 anos. Ao analisar a combinação entre modalidade de ensino e idade, observa-se que 70,8% dos formados em cursos presenciais são menores de 34 anos, ao passo que, nos cursos de educação a distância, 70,1% dos alunos têm 30 anos ou mais.
Em termos de identidade de gênero, 53,3% dos participantes se consideram mulheres cisgênero, enquanto 38,3% se identificam como homens cisgênero. A coautora da pesquisa, Fernanda Verdolin, que é fundadora e CEO da Workalove, comenta que, nos últimos anos, o número de mulheres que completam a graduação no ensino superior anualmente tem superado o número de homens.
As mulheres ainda constituem a maior parte dos entrevistados que não participam de atividades remuneradas e a proporção de mulheres no trabalho é inferior à dos homens no mercado profissional, conforme informações da pesquisa.
Apesar dos progressos, ainda existem evidências de desigualdade.
Sobre os cursos que apresentam o maior número de desempregados, Fernanda Verdolim aponta falhas entre a taxa de formação dos graduados em determinadas áreas, como administração, direito e enfermagem, e a realidade do mercado de trabalho. Para ela, parece haver uma desproporção entre a quantidade de formados nessas disciplinas e a disponibilidade de vagas que se adequam a suas qualificações.
Além da escassez de oportunidades nas áreas mencionadas, a CEO argumenta que a disparidade entre o mercado de trabalho e a formação acadêmica é uma das razões que contribuem para essa situação: isso revelaria um descompasso entre a educação recebida e o que o mercado exige, onde muitos profissionais, mesmo empregados, não ocupam posições que correspondam às suas qualificações e habilidades.
Conforme apontado por Capelato, há várias razões que explicam a alta taxa de desemprego em determinados cursos.
Um fator relevante é a presença de profissões que foram historicamente menosprezadas pela sociedade, como a de professor de história. Ele menciona que existem oportunidades disponíveis, mas a carreira é desvalorizada não apenas devido à baixa remuneração, mas também por conta das condições de trabalho adversas, como a violência nas escolas, o que desestimula as pessoas a buscarem vagas nesse setor. Adicionalmente, há áreas profissionais que estão enfrentando um momento de recessão e restrições no mercado de trabalho, influenciadas por fatores socioeconômicos, caso das engenharias.
Ele explica que essas profissões enfrentaram grandes dificuldades durante a crise econômica, e o Brasil tem atravessado um longo período de estagnação desde a crise de 2015. Esse cenário impacta diversas áreas, como a de infraestrutura, que tem sido pouco favorecida por investimentos em projetos.
Fato é que a trajetória universitária é um objetivo aspirado por muitos brasileiros e, conforme há pouco tempo publicamos, de forma específica, a demanda por formação médica continua alta, vide a significativa migração de estudantes brasileiros para cursos médicos no exterior.
A esse respeito, para maior conhecimento, acesse o texto 65 mil brasileiros estudam medicina fora, e AGU admite: 95% das regiões de saúde têm média insuficiente de médicos.
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