A universidade e o professor são agentes de mudança na sociedade. Quando a pandemia nos surpreendeu e a transição digital fez-se realidade na educação, foram eles que batalharam para que a sala de aula permanecesse viva. E se tem um fato que podemos apresentar é que, por mais que novas tecnologias e incentivos a inovações metodológicas sejam realidade, o professor não vai desaparecer.
O que podemos prever como um novo caminho da educação é uma perda do entusiasmo com a escola tradicional, caracterizada por Paulo Freire como escola bancária, na qual o educador é o detentor do conhecimento e que o repassa verticalmente para os estudantes, que, não raras vezes, não o assimilam e apenas o memorizam para o dia da prova.
E as tecnologias, que são acessadas a cada dia mais precocemente pelas crianças, tem a capacidade de nos entregar esse conhecimento, exigindo do professor uma posição diferente, não só a de saber informar, mas a de ensinar como o estudante pode ser autônomo para buscar o conhecimento e entender como aplicá-lo a situações e problemas reais.
A Pandemia da COVID-19 nos possibilitou um olhar mais atento para essas questões e firmou o posicionamento de que a participação ativa do estudante é imprescindível e que só assim serão garantidos melhores resultados escolares.
O ensino híbrido, em sua ampla definição, também se tornou realidade e não vai retroceder, de modo que as instituições de ensino precisam buscar revisões conceituais e práticas do processo de ensino e aprendizagem, bem como estratégias de saída da crise gerada pelo tempo de fechamento das escolas para aulas presenciais.
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Novos tempos
No início do ano de 2021, a União Europeia lançou a ideia da Década Digital, que significa o início de um percurso para a transformação digital da Europa até o ano de 2030. O propósito é que, até essa data, pelo menos 80% de todos os adultos deverão possuir competências digitais básicas. Também deverão se formar 20 milhões de especialistas em TIC para trabalhar na União Europeia, com mulheres assumindo uma maior proporção desses empregos.
A UE também elaborou um Plano de Ação para Educação Digital dos anos 2021 a 2027 para apoiar a adaptação sustentável e eficaz dos sistemas de educação e formação dos Estados-Membros da UE à era digital.
É certo que o Brasil não disfruta das mesmas condições que o bloco europeu, mas é preciso pensar e viabilizar soluções possíveis para nossa realidade, principalmente por termos bolsões tanto de miséria quanto de riqueza.
Existe, sim, uma diversidade dentro do país em relação ao acesso às novas tecnologias e isso não pode ser um empecilho no processo de transformação escolar. Pelo contrário: deve ser uma força motriz para fazermos mais e melhor para reduzir as diferenças, cobrando e exigindo melhorias no ensino público enquanto sociedade civil. E, no âmbito particular, suprir a escola da falta de recursos capazes de atender às novas exigências, novas demandas e circunstâncias.
Toda instituição de ensino hoje precisa lidar com os novos perfis de alunos. Os professores também precisam ser capacitados a desenvolver relações ampliadas, maneiras de uso flexível dos espaços escolares, bem como dos tempos presenciais e não presenciais. As tecnologias de informação e comunicação estarão presentes cada vez mais e a necessidade de integração de conhecimentos das áreas será ainda mais óbvia.
Precisamos lembrar, neste ponto, do desenho da arquitetura curricular do novo ensino médio: mudanças significativas ocorreram nessa etapa de ensino, que poderá se beneficiar imensamente de novas metodologias, atividades, projetos e outras estratégias. O importante é compreender os movimentos ou acontecimentos do mundo atual e permitir ações mais personalizadas em favor de melhores resultados de aprendizagem. Possibilitar percursos curriculares diferenciados pode ser um passo importante.
Também é fundamental que a instituição de ensino invista na autonomia e no protagonismo do aluno, que deve produzir conhecimento, desenvolvendo competências, tendo o professor como o responsável pela construção das experiências de aprendizagem, de acordo com as suas necessidades. A relação deve ser de parceria.
Vale lembrar que a cultura digital é uma das dez Competências Gerais da BNCC, propondo a tecnologia como ferramenta transversal na Educação Básica, para alcance dos objetivos de aprendizagem:
[...] 5 - Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
O conjunto de Competências Gerais e Específicas da BNCC contém em si mesmo a essência da aprendizagem híbrida, cada vez mais flexível, e isso não pode ser ignorado.
As tendências dos cursos superiores para 2022
A estruturação do aprendizado continuará sendo a partir da construção individual do estudante e o papel do professor será a do facilitador: o que vem mudando (e continua) é o contexto da interação aluno e professor, seja no espaço físico ou temporal.
Portanto, a tendência que continua em alta é o EAD, devido ao seu custo e excelente capilaridade. Além da flexibilidade de tempo e espaço, o EAD contempla as pessoas individualmente ou em grupo, em qualquer local, até mesmo estando os indivíduos do grupo dispersos territorialmente. O EAD permite ótima interatividade entre professores, grupos e alunos, dirimindo dúvidas e trocando experiências, com a maior adaptabilidade possível. Afinal, o conteúdo pode ser facilmente atualizado ou corrigido.
Outra tendência é a continuidade de integração dos conteúdos tradicionais com a tecnologia. Além da integração proporcionada pela inserção do EAD nos currículos de cursos presenciais, a tecnologia demanda que as instituições renovem suas grades curriculares. A forte e real presença e influência da tecnologia na sociedade contemporânea modificou o contexto do mercado de trabalho e a atualização dos currículos universitários é necessária.
Falamos em integração de material didático digital, utilização de impressoras 3D, adoção de estratégias de gamificação, software de acompanhamento de rendimento escolar, realização de avaliações a distância e demais dispositivos de apoio e suporte ao ensino presencial até os mecanismos mais avançados, como correção automatizada de avaliações - inclusive de textos livres produzidos pelos alunos. O potencial é gigantesco.
Cursos hand on também continuam sendo tendência. São cursos práticos, que focam em características emocionais e na criatividade, fazendo com que o estudante coloque a mão na massa, literalmente. Eles estimulam a criatividade e possibilitam uma absorção melhor do conteúdo, solidificando os saberes com práticas de laboratório e atividades empíricas, ao mesmo tempo em que se desenvolvem habilidades e competências específicas.
Voltamos, agora, às metodologias ativas e personalização do ensino: abrandar o modelo tradicional de ensino deu-se por meio de conclusões de vários estudos na área de que, entre os meios utilizados para adquirir conhecimento, há alguns cujo processo de assimilação ocorre mais facilmente.
Embora ainda existam controvérsias e dúvidas a respeito, algumas características das metodologias ativas, como uma postura mais diligente da parte dos estudantes e a valorização do debate, são muito bem vindas e se adaptam bem ao modelo de ensino híbrido. São exemplos a aprendizagem baseada em projetos, a aprendizagem baseada em problemas e estudo de caso, podendo ser fenomenais se adequadamente inseridas como estratégia pedagógica.
Sempre lembrando que cada estudante é único e responde de maneira diversa aos estímulos recebidos e que, não obstante a informação esteja franqueada na rede, a figura de um professor ou tutor não pode ser dispensada. O professor – devidamente capacitado - e a instituição de ensino sempre serão os agentes da mudança na sociedade.
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