Educação 4.0 é o nome dado a um tipo de abordagem educacional e o respectivo conjunto de princípios esperados para favorecer a chamada Quarta Revolução Industrial, que é o que descreve a mais recente geração de avanços tecnológicos que se integram para constituir a próxima onda de inovação, que seria, por exemplo, a Inteligência Artificial, Big Data, Internet das Coisas (Revolução Digital).
Klaus Schwab, professor, fundador e presidente executivo do Fórum Económico Mundial, foi quem cunhou o termo Quarta Revolução; ele afirma que as Revoluções Industriais são históricas, reformulando governos, instituições e sistemas de educação, entre outras coisas. Então, da mesma forma que existe uma Indústria 4.0, esperam-se inovações em outras áreas: Trabalho 4.0, Vida 4.0, Saúde Pública 4.0 e, portanto, Educação 4.0.
No Brasil, o modelo teórico-tecnológico da Educação 4.0 surgiu como parte de um programa de pós-doutorado do professor Cassiano Zeferino de Carvalho Neto, hoje presidente do Instituto Galilei Galileu, se sustentando em quatro pilares de referência:
Modelo Sistêmico de Educação;
Educação Científica e Tecnológica;
Engenharia e Gestão do Conhecimento; e
Ciberarquitetura.
A obra “Educação 4.0: princípios e práticas de inovação em gestão e docência” é a matriz da concepção, execução e avaliação de planos estratégicos de inovação em escolas brasileiras da educação superior, tecnológica e básica.
Vale ressaltar que por muitas vezes o termo Educação 4.0 é usado de maneira errônea, levado pelo senso comum. No caso do modelo proposto pelo professor Cassiano Carvalho, suas proposições estão atreladas a um processo sério de pesquisas e desenvolvimento de soluções certificadas academicamente.
Tanriogen e Peter Fisk são dois outros estudiosos do assunto.
O turco Tanriogen descreve oito características da Indústria 4.0 que podem ser úteis à Educação 4.0:
Já Peter Fisk aponta para a necessidade de mudanças para que se atinja, de fato, a Educação 4.0, especialmente em relação ao modelo de currículo que não deve ser engessado nem ter foco em conteúdos específicos. Para ele, o currículo deve ser construído com base nos interesses dos alunos que agora tem a possibilidade de aprender fazendo.
Para Fisk, não precisamos aprender tudo, mas, sim, saber como buscarmos as respostas. Ele aponta nove tendências que devem ocorrer num futuro próximo no mundo da educação:
O aprendizado pode ocorrer em lugares e momentos distintos, de forma mais individualizada;
O aprendizado deve ser personalizado.
Os alunos podem modificar o processo utilizado na aprendizagem.
Aprendizado Baseado em Projetos.
Experiência em Campo.
Interpretação de dados.
Novas formas de avaliar.
Participação dos alunos.
Mudança no papel do professor, já que o aluno será mais independente.
Das tendências mencionadas uma das mais importantes é a que se refere ao novo papel do professor. Ele deve ser um tutor, um orientador e ser incentivado a se preparar adequadamente para tanto. Não basta, portanto, o conhecimento técnico de sua área de atuação ou repetir as práticas pedagógicas até agora desenvolvidas.
A Educação 4.0 é aquela que estimula o aprender fazendo, a descoberta, o trabalho em equipe. Não é apenas sobre incluir tecnologia em sala de aula, mas oferecer ao aluno a chance de apreender o que é essencial em sua vida.
Learning by doing
Segundo estudo de docentes da University of Southern California, a cada 10 anos – em média - uma competência pode ser considerada obsoleta. Um estudante que “aprenda a aprender” se beneficia imensamente ao longo da vida, podendo renovar com facilidade suas habilidades. Esse tipo de competência pode ser adquirido pelo learning by doing, um dos principais conceitos da Educação 4.0, que tem a experimentação como base para a absorção de conhecimento.
Nesse caso, a educação é um processo de reconstrução e reorganização das experiências adquiridas que irão influenciar as experiências futuras. Sobre o “aprender fazendo” em específico, inclusive, sequer podemos falar em algo absolutamente novo. Maria Montessori, ainda que não utilizasse esse nome em seu método próprio, há muito nos apresentou essa possibilidade.
A oferta de muitos cursos hands on também representa bem a mudança que já vem ocorrendo ao longo do tempo em relação ao foco das habilidades requeridas dos alunos e profissionais. A prioridade é focar em características emocionais e na criatividade, que pode ser bastante estimulada quando o estudante coloca a mão na massa, literalmente.
Além de estimular a criatividade, os cursos práticos (cursos hands on) possibilitam uma absorção melhor do conteúdo, solidificando os saberes com práticas de laboratório e atividades empíricas, ao mesmo tempo em que se desenvolvem habilidades e competências específicas.
Educação 4.0 nas palavras do prof. Cassiano
Para o professor Cassiano Carvalho, o Brasil tem características e possibilidades imensas represadas nas pessoas dos gestores e educadores e pode, sim, alcançar um desenvolvimento educacional referência mundial se houver um alinhamento de ações estruturadas.
A melhor contribuição da educação para um jovem seria a entrega de valores, proporcionando a eles a capacidade de ser ético e empreendedor, podendo representar os anseios de seu próprio plano de vida e ser capaz de construir uma história condizente com a dignidade humana. É o conhecimento teórico sendo construído com determinação.
Outro aspecto importante para o professor é que precisamos criar um projeto nacional. É a quádrupla hélice na educação: reunião das instituições privadas, empresas, governo e instituições sociais, pois apenas através de uma “inteligência distribuída” seremos capazes de empreender a inovação necessária. O benefício, então, será da sociedade e não de um segmento apenas.
E ainda que exista essa reunião, formando um plano conjunto, é preciso decisão local para essa inovação, independentemente da etapa de ensino. Ou seja, é preciso a confecção de um programa de gestão da inovação dentro de “casa”, iniciando-se aí uma cultura local. Essa é a base da Educação 4.0.
Fortalecer o empreendedorismo também é necessário. Mas não como um componente curricular e sim como uma atitude perante a vida. Isso porque uma mudança em nossa sociedade – há algumas décadas já – fez com que fôssemos todos compelidos a desenvolver competências para a adaptabilidade. Esse empreendedorismo, como um elemento de libertação, é muito necessário.
O professor salienta que outro objetivo do programa é elevar os índices educacionais brasileiros até 2030. De acordo com ele, os estudos já estão realizados e mostram que a Educação 4.0 é um modelo que responde aos desafios e que pode contribuir nesse. Melhorar os índices não apenas como estatísticas, mas para levar educação de qualidade à sociedade brasileira.
Enfim, hoje fala-se muito em educação 4.0 seguindo um senso comum de que é uma educação “moderna”, com utilização de tecnologia, mas o termo se refere a um modelo específico que promete treinar educadores aptos a desenharem processos de inovação e aulas com a participação colaborativa dos alunos, produzindo conhecimento tácito e explicito.
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